Delegada de Polícia, Gineterapeuta, Moon Mother, Oraculista, Erveira, Benzedeira.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

DE MÁS INTENÇÕES O CÉU ESTÁ CHEIO

Em dezembro próximo passado, eu deliberadamente, resolvi fazer um teste com meus amigos, em especial aqueles que, diariamente, passam-me mensagens de otimismo, sempre creditando seus desejos ao deus no qual acreditam e até com certo conteúdo de conversão. Era o dia 03 de dezembro, dia de Yansã ou de Santa Bárbara, no sincretismo brasileiro, minha deusa-mãe arquetípica, então enviei aos meus amigos uma foto poderosíssima de Oyá cavalgando um búfalo, seu animal de poder, escrevi a oração de devoção a ela e dei um salve à minha Grande Mãe. Qual não foi a minha surpresa: só uma pessoa retribuiu a mensagem agradecendo-me. Qual foi a minha surpresa: esta mensagem foi-me enviada por um amigo padre, o Padre Katê - o único que se dignou a dizer: muito obrigado! Esse fato pôs-me a refletir. Recebia diariamente mensagens de otimismo e de amor, seja parte de uma pregação, sejam cânticos, seja divulgação de um trabalho caridoso e estas inúmeras mensagens vêm de pessoas de variadas religiões com a mesma intenção. Mas o padre foi o único que compreendeu o amor, a minha intenção em doar o que eu tinha de melhor: a fé na minha Deusa!
Esse meu amigo nunca me julgou, criticou ou tentou me dissuadir da minha fé, por mais diferente e distante que fosse da dele. Pelo contrário, el sempre me acolheu, rezou por mim quando sofri um aborto, batizou o meu filho caçula, mesmo eu não sendo católica, sempre me abraçou quando fui às missas, mesmo sabendo que pratico outra crença. Ele sempre me deu o melhor dele e respeita a minha decisão do que seja o melhor para mim espiritualmente.
Pior do que não agradecer uma mensagem, pelo menos por reciprocidade, foi o que me aconteceu esta semana. Postei um vídeo da página Quebrando o Tabu que, de forma bem humorada, informava as dez formas de ir para o inferno dentro de passagens bíblicas, com coisas banais tais como comer camarão, usar roupas de tecidos diferentes, fazer a barba, ser gay e por aí vai.  Tive comentários hilários, marcando encontro comigo no escaldante lugar. No entanto, duas amigas foram cruéis, dizendo que o Deus delas iria me converter, que não concordava com as minhas postagens e que certamente não havia sido esse pensamento ensinado por meus pais, cristãos evangélicos.  Respondi as duas com muita amorosidade, informando da grandiosidade da diversidade, do respeito, da relatividade dos conceitos de certo e errado.
Tenho certeza de que não entendem nada sobre a diversidade religiosa, de pensamento e da liberdade de expressão. Com certeza, não foi por serem menos instruídas do que eu. Foi pelo fanatismo, por se considerarem tendo a exclusividade de Deus, que, diga-se de passagem, é dito por elas: “o meu Deus”. Ou seja, o meu, se é que têm vários deuses, não tem nenhum valor para elas. E se eu não coadunar com a mesma crença delas, sou digna de dó, por que, certamente, irei mesmo para os quintos dos infernos com meus pensamentos de igualdade, de liberdade, de amor pelo próximo, de respeito às diferenças. Então, concluí que se o inferno estiver cheio de pessoas que pensam como eu, não terei dúvida do lugar para aonde eu quero ir.


Talvez o Padre Katê seja o único dentre os meus amigos citados  que tenha, realmente, compreendido o verdadeiro significado do que o Salvador, no qual ele acredita, tenha deixado de ensinamento para a humanidade: “amar o próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas." Talvez por que ele tenha compreendido a complexidade da divindade, que é o Todo, sem frações de Deus ou Deusa, ou distinção de religiões, raças, credos, orientação sexual e religiosa. Talvez ele tenha entendido que se somos a imagem e semelhança de Deus ou Deusa, somos fagulhas da divindade e juntos formamos o Todo, que são as faces masculina e feminina da divindade em um único Ser de Inteligência Suprema.


Texto e foto:  Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Benzedeira, Erveira, Cartomante, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

CONEXÃO

Fotografia: Google Imagens



Eu sei que você está aí

Eu sinto você

Eu sinto sua curiosidade em cada palavra que você lê

Eu sinto seu sorriso malicioso quando você imagina de que sou capaz

Eu sinto você

Eu sinto você me espreitando e me seguindo

Eu sinto seus pensamentos que ficam emaranhados aos meus

Eu sinto a sua língua quente e úmida deslizar pelo meu corpo como animal lambendo 
a cria

Eu sinto o ritmo da sua ofegante respiração num compasso sincrônico com a minha

Eu estou no seu sonho que você quer que continue no próximo sonho

Eu sinto você

Eu sei que você está aí

E a única coisa que quero é sentir você.


Texto: Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Benzedeira, Erveira, Cartomante, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.