Delegada de Polícia, Gineterapeuta, Moon Mother, Oraculista, Erveira, Benzedeira.

sexta-feira, 4 de abril de 2025

São as águas de março fechando o meu Verão

            



 Não consegui viajar para a praia nesse último verão. No entanto, no final de março, quando já era inverno, inesperadamente, apareceu uma viagem para o melhor lugar do mundo, onde minha alma se sente em casa, Massarandupió, como diz a minha amiga Ritta Cidhreira, “O Mar sara do pió”.

Quando eu digo aos meus amigos que viajei para Massarandupió já é esperada a pergunta: “Ma o que?” Prontamente eu respondo, parafraseando a Ritta, mas adicionando o pronome relativo que especifica o mar, qual seja, o mar daquela vila que tanto me encanta: O mar que sara do pió. E eles nunca mais se esquecem do nome dessa acolhedora vila de pescadores, de artesãs, de povos quilombolas, com seus saberes ancestrais, que sabem viver a vida com leveza.

Já era a última semana de março, no final da tarde, e eu estava na praia, na barraca do meu amigo Patrício, um grande cozinheiro e excelente anfitrião, quando as ondas começaram a chegar até às mesas e cadeiras, momento em que Patrício do alto da sua sabedoria, adquirida há mais de trinta anos em sua cozinha e escritório sediados na praia, disse-me que aquele fenômeno eram as águas de março fechando o verão, que vinham com ondas calmas e compridas, banhando tudo, diferentemente das águas de agosto, cujas ondas viriam derrubando tudo. Isso me deixou reflexiva. 

O Verão já tinha ido embora e, oficialmente, tinha chegado o Outono, mas era março  e, naquele lugar, com aquele sol, aquela praia linda e deserta e aquelas pessoas que tanto amo, ainda era verão. Percebi que o mar  estava calmo, mas a sua calmaria tinha uma força incrível, pois as ondas eram compridas e chegavam limpando tudo, lambendo a extensão de areia e beijando tudo aquilo que não fosse mar. 

No calendário já era Outono, mas para a natureza, às vezes, é preciso estender um pouco mais certa estação para que nós, distraídos que somos, possamos compreender o que a última estação que já se foi ainda tem a nos ensinar. O Verão nos traz a medicina da celebração, da maturidade, do corpo preparado para gerar um filho ou um projeto. Já o Outono nos traz a medicina do saber se despedir, do deixar ir, do desfolhar-se, do desapegar, assim como fazem as folhas das árvores, que se preparam para o inverno, momentos antes do recolhimento. 

Talvez eu ainda precise aprender a celebrar mais como fazemos no Verão, talvez eu não tenha que me despedir de tantas coisas incríveis que conquistei na primavera passada e talvez o Verão tenha sido pequeno demais para celebrar tantas coisas maravilhosas que acessei. Ainda tá bom demais para me desfolhar, para me desapegar, para me preparar para o recolhimento do Inverno. Até porque já tive invernos tão rigorosos que consumiram primaveras, verões , outonos e invernos e, mesmo com a chegada de mais uma primavera eu ainda continuava no inverno.

Nada mais justo, então, do que eu prolongar este último Verão dentro de mim  e continuar com as celebrações, gerando projetos magníficos e sendo instrumento da Deusa na difusão de propósitos que ajudam na cura da humanidade. Então, olhando aquele mar forte que, apesar de calmo, conseguia mover uma onda longamente, eu pensei: que privilégio o meu poder assistir a essas águas de março fechando o meu verão.





Texto escrito no dia 27 de março de 2025, já Outono, Lua Minguante, Sol em Áries.

Fotografia feita pela autora na Praia de Massarandupió.


Ângela Maria dos Santos, mais conhecida pelo seu jeito Ângela de ser, libriana, com ascendente em Àries e Lua em Gêmeos, contadora de historias, facilitadora de círculo de mulheres, terapeuta da Bênção do Útero, Gineterapeuta, Especialista no Combate à Violência de Gênero, Delegada de Polícia e mãe da Ló, do Luighi e do Manu.

domingo, 19 de janeiro de 2025

Construindo Carmas Positivos

 

Hoje, eu resolvia umas questões corriqueiras da educação do meu filho mais novo, conversando com o pai dele para ver como compraríamos o material escolar, essas coisas de início de ano, quando nos deparamos com uma conversa tão cheia de afeto, que não se costuma ver entre ex-casais. Ele me disse que transferiria pra mim um valor para que eu comprasse o material, já que ele mora em outra cidade. Daí ele fez a transferência e me passou um valor a mais e brincou dizendo que era para eu tomar um chopp bem gelado. Eu ri e disse que ele estava muito rico e eu o abençoei por isso. Agradeci a parceria e ele disse que esta nunca seria desfeita, também reafirmou que esse ano ele ganha na loteria e nós todos, daqui dessa família que fizemos juntos, seríamos contemplados por ele. Rimos como sempre fazemos e nos despedimos.

Eu e ele fomos casados por oito anos, desse relacionamento tivemos dois filhos, um só teve a permissão de ficar dois meses conosco na minha barriga. O Segundo está com quatorze anos, tão lindo, cheio de vida e personalidade marcante como a dos pais. Foram anos intensos, de alegrias e dores, mas sempre cheios de muito amor. A separação foi o melhor que pudemos fazer para nós e para nossa família. Passadas todas as dores, conseguimos manter unida a nossa família tão cheia de amor e cumplicidade. Ele segue a vida dele, com sua namorada, que por sinal é uma querida e a quem sou muito grata por todo carinho que ela tem com meu filho. Eu sigo a minha vida. Acho que o segredo é que nós respeitamos a individualidade de cada um.

Estou tão sensível hoje e fiquei bem emocionada com esses acontecimentos, que não são raros, mas me tocou de uma forma especial. Então, entrei em contato com uma amiga para falar dos meus sentimentos. Contei a ela sobre o teor das mensagens e disse que isso fazia com que eu não me sentisse sozinha no mundo. Ela disse que eu não estava sozinha e que tinham muitas pessoas que me amavam. Eu acredito nisso. Mas disse a ela que é muito raro você ter alguém que te ama sem exigir nada em troca. E era isso que me tocava profundamente.

Na verdade, isso que senti é amor na sua essência mais pura. Eu e ele não temos mais nada para dar em troca, como por exemplo, companhia diária, sexo, mas mesmo assim, a nossa parceria se firma a cada ano. E essa sensação de ser amada e de amar sem esperar nada de volta é muito gratificante e deixa o coração quentinho.

De repente, meu coração se encheu de alegria e eu me tornei a gratidão em pessoa pela oportunidade da reencarnação contemporânea e afim à dele e pela oportunidade de termos um filho em comum, um elo que nunca se romperá e também por ele ser tão presente na vida dos meus outros filhos, que o tem como uma grande referência masculina. Agradeci ainda por termos conseguido gerar um carma positivo nessa vida. Abençoei sua vida e desejei que ele consiga acessar tudo de melhor que está reservado para ele.

Pensei comigo: enquanto estava casada com ele, por mais apaixonada que eu estivesse, não o amei, pois sempre esperava algo em troca como companhia, ser desejada, ser amada. Hoje, não espero nada em troca. O fato de ele existir e estar bem me faz feliz. E nos nossos filhos eu o amarei para sempre. Então descobri o que é o amor.

 


Este texto foi escrito no início de 2024

Foto da flor Dama-da-noite, Ângela Santos

Ângela Maria dos Santos, mais conhecida com o seu Jeito Ângela de Ser, libriana com ascendente em Áries e Lua em Gêmeos, Gineterapeuta (a arte de cuidar dos seres da forma como a mulher cuida) Moon Mother (terapeuta da Cura e Bênção do Útero), Terapeuta de Barra de Access, Facilitadora de Círculo de Mulheres, Estudiosa do Baralho Cigano, Erveira, Benzedeira, Escritora, Delegada de Polícia no Distrito Federal desde 1999 e mãe da Lorena, do Luís Antônio e do Emanuel, a tarefa mais desafiadora, mas a mais prazerosa.