Havia um tempo em que a divindade era feminina, mais precisamente, a Deusa, pois a força maior, o grande mistério só poderia ser semelhante à Mãe Natureza, que gera, pare e alimenta, e tem também o poder do nascimento, da morte e do renascimento. A mulher era a figura que mais se assemelhava a esta grande força, com os seus ciclos de menina, donzela, mãe e anciã, reproduzindo, respectivamente às fases das luas nova, crescente, cheia e minguante, bem como o seu ciclo menstrual, mensalmente seguindo as fases lunares. Além desses ciclos, foi a mulher agraciada com a capacidade de gerar, parir e nutrir. Então, antes das lutas pelo domínio de propriedades, a força divina era a figura feminina, a grande Deusa, a grande Mãe.
Nessa época, a sexualidade fazia parte do cotidiano das pessoas, como qualquer outro momento de prazer tais como se alimentar, beber água, tomar um banho. E dentro desse contexto sagrado da sexualidade, havia a Deusa do Amor, cultuada com suas formas arredondadas, ancas largas e seios fartos, representando o poder de gerar, parir e nutrir.
A Deusa do Amor era cultuada no seu templo, onde existiam as sacerdotisas que Àquela serviam. Estas eram mulheres virgens, na essência da palavra, ou seja, mulheres que ainda não tinham tido filhos.
As sacerdotisas serviam a Deusa acolhendo todos que procuravam o templo para serem abençoados pela Deusa. Então, as virgens cuidavam desses estranhos como se fossem os seus amantes, maridos, dando-lhes o aconchego do lar, roupas limpas e perfumadas, servindo-lhes deliciosos e fartos banquetes e o melhor vinho. Esses estranhos também eram envolvidos pela sedução e disponibilidade das sacerdotisas, que dançavam para eles, que as envolviam em seus corpos e fazia-lhes amor.
Depois desse acolhimento, o estranho deixava o templo e tinha a garantia de que o seu ano ou a sua colheita seriam abençoados e a sacerdotisa já poderia voltar para sua vida cotidiana, pois tinham servido à deusa e sua vida seria igualmente cheia de bênçãos. Ela, possivelmente, viria a se casar, ter filhos e seguir o ciclo da Mãe Natureza, caso esse fosse o desejo dela. E elas eram muito honradas por terem servido à Deusa!

E, quanto mais distantes as mulheres ficam da Prostituta Sagrada, mais elas ficam adoecidas. Não só as mulheres, como seus parceiros, que não conseguem dissociar a figura da mãe com a figura da mulher. O mesmo acontece com a mulher que se relaciona com os homens numa simbiose paterna. Daí, enquanto o casal não conseguir desconstruir essa associação arquetípica, não haverá, plenamente, o casamento sagrado, que é o encontro do masculino e do feminino curados, independente da orientação sexual de cada um dos parceiros.
Texto: Ângela Santos
Texto: Ângela Santos
Imagens: Hierodulas, Heteras, Putas, a Deusa da Podadura e Vênus de Willendorf (Google)
Parabéns!
ResponderExcluirGratidão, amado! Que prazer tê-lo como leitor. Beijos de luz no seu coração.
ExcluirJá li e estudei sobre a deusa de Vênus. Símbolo de sensualidade e fertilidade. Parabéns Ângela .
ResponderExcluirQue interessante esse seu despertar para a deusa! Gratidão pelo carinho de sempre. Beijos de luz no seu coração.
ExcluirParabéns pelo texto.
ResponderExcluir