Delegada de Polícia, Gineterapeuta, Moon Mother, Oraculista, Erveira, Benzedeira.

terça-feira, 17 de julho de 2018

COLETOR MENSTRUAL, O QUE É ISSO?


O coletor menstrual é um copinho feito de silicone, que é introduzido na vagina e deve ser trocado assim que estiver cheio, daí é só retirar, descartar ou guardar o sangue (para devolver à Mãe Terra, utilizar como fertilizantes para plantas ou até mesmo como tinta para pinturas), lavar com sabão, reinserir e, no final do ciclo, lavá-lo com sabão, fervê-lo, guardá-lo no saquinho apropriado e carregá-lo, de preferência, na bolsa (para não ser pega de surpresa quando da próxima menstruação). 
Com o u
so coletor, deixamos de poluir o meio ambiente e retiramos as toxinas deixadas pelos absorventes no nosso corpo, como por exemplo, a dioxina que dá o clareamento dos absorvente e é extremamente danosa para o nosso organismo bem como o amianto que "suga" o sangue, fazendo com que sangremos mais e por mais tempo, pois o nosso útero fica "viciado" nessa substância, que também faz muito mal para o nosso corpo. Além do mais,com o uso do absorvente, o nosso útero fica sem respirar enquanto estamos menstruadas. Com os absorvente internos, descartáveis, além das toxinas, corremos ainda o seriíssimo risco de ter a temida Síndrome do Choque Tóxico, pois o ar entra em contato com o sangue, trazendo as bactérias e as infecções. Isso não acontece com o coletor menstrual, uma vez que ele se encaixa de tal forma, criando vácuo, o que impede o sangue de ter contato com o ar e assim proliferar as bactérias com consequente infecção. Desta forma, quando retiramos o coletor, veremos que nosso sangue não tem cheiro ruim, pois este só ocorre como resultado das bactérias produzidas nesse processo do contato do sangue com o ar. 
Além do mais, com o uso do coletor, passamos a conhecer melhor o nosso corpo e nos reconhecer como mulheres cíclicas que somos, identificar cada fase do nosso ciclo com todas as alterações hormonais inerentes ao ciclo menstrual. Com autoconhecimento, desconstruímos as crenças de que nosso sangue é fedido, sujo, nojento e nos tornamos empoderadas de nós mesmas. 
Eu guardo o meu sangue e o devolvo à Terra, alimentando as minhas plantinhas, já que é um poderosíssimo fertilizante, e também já o utilizei como matéria prima para pintar o meu tambor, em ato de respeito à Mãe Natureza, a Grande Mãe. E desde então, o meu tambor passou a ser não apenas a extensão do meu coração, mas também do meu útero e ambos tocam em sintonia. 

Texto: Ângela Santos é libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Mãe da Lorena, do Luís e do Emanuel, as melhores versões de mim em parcerias. Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Benzedeira, Erveira, Cartomante, Facilitadora e Focalizadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Delegada de Polícia Civil no Distrito Federal desde 1999, Especialista em Violência contra a Mulher.
Foto: Google Imagens

terça-feira, 12 de junho de 2018

MORO E NAMORO


Namorar para mim significa 

Morar em
Eu posso morar em mim
Morar na rua
Morar no outro
Morar em mim e no outro 
E posso não morar em lugar nenhum
Se eu quiser
Mas se eu posso
Escolho morar em mim e no outro
E aceito que o outro more nele e em mim também
Moramos um no outro
Namoramos
Namoro no quarto e no carro
No mar e no rio
Namoro no claro e no escuro
De perto e de longe
Namoro de aperto de mão
De beijos longos e demorados
Namoro de olhos tagarelas
E de bocas caladas
Namoro 
Moro
Moro e namoro

Texto e foto: Ângela Santos

sexta-feira, 18 de maio de 2018

CONSELHOS DE UMA MÃE


Quer ser feliz?
Faça alguém feliz
Quer ser mais feliz?
Faça alguém mais feliz ainda
Receita de minha mãe para a felicidade de um casal

E não é que ela está certa

Quando nos propomos a dar o nosso melhor para o outro
Esse amor volta pra nós como um bumerangue
Mas primeiro precisamos nos amar muito
Por que só podemos dar aquilo que temos
em abundância dentro de nós

E como o amor é uma energia
Que vibra
Pulsa
Contagia
Com certeza nós receberemos mais amor ainda
E aí acontece um fenômeno que foge ao nosso controle
Um ciclo vicioso do amor
Uma corrente forte tendo como elos 
Companheirismo
Amorosidade
Cumplicidade
Desejo

Quando estamos amando
O nosso corpo se energiza
Sentimos o cheiro da pele do outro
Mesmo sem nenhuma gota de perfume
O hálito se torna permanentemente quente
Coração com coração
Ritmo sincrônico e ardente
Dizendo 
Amor é calmaria na tempestade

Quer ser feliz?
Faça alguém feliz
Quer ser mais feliz?
Faça alguém mais feliz ainda
Eu nem sou boba de ignorar um conselho de minha mãe
Imagem: Internet
Texto: Ângela Santos com o seu Jeito Ângela de Ser

sexta-feira, 4 de maio de 2018

BATIDA DE OVOS CAIPIRA COM UMA PITADA DE CUIDADO MATERNO

Ontem fui adicionada a um grupo de personagens, espaços e memórias da minha cidade, onde passei a infância e adolescência: Niquelândia, Goiás. Então, o organizador do grupo, Melk Aires, postou essa foto, perguntando se alguém já tinha comido batida de ovos caipira com açúcar e farinha. Nossa, na hora me vieram as lembranças, não pude me conter e meu comentário virou aquele "textão".
Lembrei-me de que os momentos que saboreávamos a batida de ovos era um evento lá em casa, talvez por que a nossa mãe, tão ocupada como comerciante, parava para nos alimentar , o que representava gestos de carinho, já que era muito cansativo fazer a trabalhosa sobremesa para tantas crianças. Mas mãe é igual a rapadura, né? É doce mas não é mole não!
Éramos quatro filhos e preparar a gemada batendo os ovos à mão, com garfo no prato esmaltado exigia muito esforço físico, então, minha mãe batia dois ovos num prato e dois ovos no outro e dava um prato para cada dois filhos. Como criança sempre têm o olho maior do que a barriga, acabávamos brigando: "mãe, fulano comeu mais do que eu!" Pensa a cabeça da minha mãe ouvindo isso depois da trabalheira de bater aquele tanto de ovos! Ela ficava nervosa, argumentava que fazia tudo com tanto carinho para nós, dizia também que o alimento era suficiente para os quatro e que nós éramos gulosos. Essa sequência se repetia toda vez que pedíamos a ela para fazer a batida de ovos para nós. Até o dia em que ela se cansou, óbvio. Então, não titubeou. Naquele dia, com uma decisão salomônica ela mudou a estratégia: bateu muitos ovos, mas muitos mesmo, preparou-os cuidadosamente com açúcar e farinha, dividiu-os, dessa vez, em quatro pratos: um para cada, mas um generoso prato. Nós, começamos a comer felizes da vida, nunca comíamos num prato sozinhos. Mas, para quem já comeu esse tipo de gemada, sabe que é uma delícia, mas enjoativa, então, cada um já ia diminuindo o ritmo das colheradas, até parar de vez. Nós só não contávamos com a determinação de nossa mãe para educar a nossa gula. Ela nos obrigou a comer tudo para que nunca mais brigássemos por algo que nem conseguiríamos comer tudo. E não é que serviu de lição! Não brigamos mais (pelo menos por batida de ovos) mas também não comemos mais aquela iguaria. Fiquei muito tempo sem saboreá-la, não aguentava ouvir falar em gemada que já me "repunava", como se dizia lá pras bandas de Goiás.
Então, ao ver o post do colega,encheu-me de água a boca. Senti não só o gosto da gemada, mas o sabor da infância, de uma vida simples e feliz, senti a energia poderosa da minha mãe em forma de carinho e de pulso firme na nossa criação. Senti também uma gratidão por aquela foto estar me fazendo recordar as boas memórias, que me preenchem e dizem sobre a minha origem, a minha essência, que dizem quem eu sou.

Foto: Malk Aires

Texto: Ângela Santos, mais conhecida com o seu Jeito Ângela de Ser, libriana com ascendente em Áries e Lua em Gêmeos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta de Barra de Access, Facilitadora de Círculo de Mulheres, Estudiosa do Baralho Cigano, Mãe de três filhos e Delegada de Polícia no Distrito Federal. 
Texto escrito no dia 03/05/2018, primeiramente, em forma de comentário ao post citado.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

O DIA QUE REENCONTREI A MULHER SELVAGEM


Lendo mais uma vez o livro Mulheres que correm com os lobos, preparando o conteúdo de uma roda terapêutica, foi impossível não fazer conexão com a Mulher Selvagem, trazida pela autora Clarissa Pinkola. Só que dessa vez, a Mulher Selvagem, La Que Sabe, La Loba, gritou dentro de mim, cantou sobre os meus ossos.
Talvez essa ressonância seja o resultado de tantas viagens profundas dentro de mim à procura dela, de anos de cicatrizes de feridas não curadas, de tantas imersões, do encontro com várias mestras pelo caminho, que pegaram na minha mão e me conduziram, cada uma ao seu modo, a um novo portal do despertar da energia feminina, que estava adormecida em mim.  
Talvez.
Só sei que com esta última leitura, eu me encontrei cara-a-cara com La Que Sabe. E ela não tinha o aspecto sombrio, muito menos aparência da anciã. Pelo contrário, ela saltitava como uma donzela serelepe, destemida, curiosa, olhinhos brilhando, sexualidade à flor da pele, sua pele tinha viço, sua respiração era ofegante, seu hálito era quente e úmido.
E nesse momento, meu coração disparou, parecia sair pela boca. Eu a senti nas minhas entranhas e tive a certeza de que ela sempre estivera comigo. Na verdade, percebi que ela gritava para ser vista, reconhecida. Mas o padrão de menina bem comportada, exigido pela sociedade contemporânea, a definição do que era ser bem sucedida, abafou os seus gritos e afastou-me de La Que Sabe.
Como seus gritos já não podiam mais ser ouvidos, ela arrumou um jeito de chamar a minha atenção em forma de depressão, excesso de peso, apatia, relacionamentos destrutivos. E quanto mais eu me afastava dela, mais insistente ela se tornava para que eu a reconhecesse, para que eu a honrasse. Na verdade, ela só queria me dizer que o que me adoecia era o distanciamento de nós duas.
Então, nessa última leitura, La Que Sabe se apresentou para mim e ela não me era estranha, na verdade, eu senti intimidade e reciprocidade nos seus olhos serelepes. E foi a partir desse encontro olho no olho, que eu pude ver que ela sempre esteve presente quando eu quis ser pediatra, escritora, professora, astronauta, prostituta, dona de casa, esposa, amante, mãe, filha. Ela estava ao meu lado todas as vezes que entrei nua na cachoeira, no mar, todas as vezes que fechei os olhos e senti o sol aquecendo a minha pele. Era a presença dela que eu sentia toda vez que pegava a estrada, dirigindo, sozinha, fazendo mil planos. Era sua voz forte que ressoava em mim quando fazia uma investigação bem feita, quando tentava amamentar um filho com os mamilos invertidos. Era a sua energia que se manifestava em mim quando me contorcia de prazer, quando admirava e tocava o meu próprio corpo.
Mas vi o quanto tentaram calar a sua voz, esconder sua energia sexual, sensualidade. E isso se dava e se dá de uma forma tão sutil e perversa!
- “Sorri menos! Não fale palavrão! Não fale para os outros que você é naturista! Você está tendo lucro com estas coisas holísticas que você faz? Nossa, você não dá limite para os seus filhos! Como assim, você aceitou naturalmente o seu filho homossexual? Você fala tudo que você pensa, as pessoas vão interpretá-la erroneamente! E essas fotos sensuais que você posta? Você não tem medo de sofrer represálias no trabalho? Nossa, você já se casou e se separou duas vezes? Você acredita em Deusa? Você coleta o seu sangue e o devolve para a Terra? Isso é coisa de bruxa! Ah, mas você declara para os quatro ventos que você é bruxa! Também, né?”
Foi só depois dessa última leitura, que me lembrei de como é bom estar na presença de La Que Sabe! Minha Deusa, Grande Mãe, como é simples viver quando estamos na presença da Mulher Selvagem! Então, foi me dando uma vontade enorme de viajar, de conhecer lugares, pessoas, de ler mais livros, escrever mais textos, crônicas, de acariciar os cabelos dos meus filhos, de dizer à minha filha para ela nunca deixar ninguém a afastar de La Que Sabe. Uma vontade de jogar as roupas fora, de entrar nua no rio, pisar a terra com os meus pés descalços, acariciar o meu corpo, encontrar-me com o masculino, que é sagrado, que habita em mim e também no outro, no meu parceiro, no meu filho, no meu pai, nos meus amigos.
Nesse encontro, eu senti saudade de mim. Na verdade, eu senti saudade de La Que Sabe, a Mulher Selvagem, La Loba, que habita em mim, que habita todas as mulheres. Então, eu parei, fechei os olhos e senti o seu abraço, por pouco tempo, pois logo ela pegou a minha mão e, como as minhas mestras, convidou-me a seguir o caminho, abriu um novo portal, despertando em mim muito amor por mim mesma e pelas minhas irmãs. E ela me disse que estava tudo certo, que ela estava comigo nos momentos em que eu era considerada mais inadequada para os padrões estabelecidos. E ela me disse mais: era a minha inadequação, a minha loucura que me curava. Então ela brincou comigo: a louCURA.

Foto: Ladyane Ramos
Texto: Ângela Santos, mais conhecida com o seu Jeito Ângela de Ser, libriana com ascendente em Áries e Lua em Gêmeos, mãe da Lorena Mayara, do Luís Caetano e do Emanuel Oliveira, Gineterapeuta (a arte de cuidar da mulher da forma como a mulher cuida) Moon Mother (Cura da Mulher com o Despertar da Energia Feminina), Terapeuta de Barra de Access, Facilitadora de Círculo de Mulheres, Estudiosa do Baralho Cigano, Erveira, Benzedeira, Delegada de Polícia no Distrito Federal. 
Texto escrito em 20/04/2018 à meia-noite, enquanto as prisões em flagrante não aconteciam no meu plantão na 24ª Delegacia de Polícia.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Ela e esse seu jeito de ser ela

É tão fácil agradá-la
Ela é libriana
Ela gosta de coisas simples
Coisas que foram feitas especialmente pra ela
Ela é dessas que agradece uma joia rara com educação,
Mas que pula alto como uma criança quando recebe um mimo desses que não se acha em lojas caras
Ela gosta de quem gosta dela.
Ela e esse seu jeito de ser ela.

Texto e Foto: Ângela Santos, libriana, com ascendente em Aries e Lua em Gêmeos, uma alquimia bombástica de fogo e ar, o que a torna inquieta em suas buscas, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta de Barra de Access, a serviço da Espiritualidade Cigana com o Baralho Cigano, Facilitadora de Círculo de Mulheres e Delegada de Polícia no Distrito Federal há dezenove anos.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

BENDITA SEXTA-FEIRA 13


Que a sexta-feira treze é temida não é segredo de ninguém. Mas o que ninguém conta é que ela começou a ser amaldiçoada com o advento do Cristianismo, que impôs a sua crença sob a cultura pagã, para diminuir mais ainda a importância feminina na vida religiosa e social.
Mas o que a sexta-feira treze tem a ver com o feminino ou com o Sagrado Feminino? Tudo a ver.
"Ao longo dos tempos, entre os Kiowa, Cherokee, Iroquois, Sêneca e em várias outras tribos nativas norte-americanas, as anciãs contavam e ensinavam, nos "Conselhos de Mulheres" e nas "Tendas Lunares", as tradições herdadas de suas antepassadas. Dentre várias dessas lendas e histórias, sobressai a lenda das "Treze Mães das Tribos Originais", representando os princípios da energia feminina manifestados nos aspectos da Mãe Terra e da Vovó Lua.”
Essas Treze Mães, nada mais eram do que as treze lunações completas que vieram posteriormente integrar o ano solar do calendário ocidental.
O calendário era lunar e como a mulher também era cíclica sincronicamente com a Lua, óbvio que ela era muitíssimo venerada. Nessa época, as mulheres se reuniam em tendas no período menstrual, onde os saberes eram transmitidos pela linhagem feminina. Além do mais, a divindade era considerada feminina, pois os homens não tinham conhecimento da sua participação na fecundação de um embrião. Assim, eles consideravam a mulher um ser mágico, pois, a cada lunação ela sangrava e não morria e ainda, em determinado tempo, a barriga crescia e nove lunações depois, ela paria um ser que lhe era semelhante. Dessa forma, a mulher só poderia ser a imagem e semelhança da divindade.
Antes da dominação do Cristianismo, a deusa escandinava Freya , do amor, da beleza e da sexualidade, era cultuada pelos pagãos. O seu nome deu origem ao Dia de Freya, que depois se tornou Friday, sexta-feira em Inglês. Como para o Cristianismo tudo que se referia à sexualidade e ao prazer estava na lista dos pecados mortais, não seria diferente que a sexta-feira, anteriormente dedicado à deusa Freya, também entrasse para essa seleta lista.
Uma vez que o número treze estava ligado às treze lunações do calendário lunar, onde o sangue menstrual e a mulher eram venerados, associado à sexta-feira, dia dedicado à deusa da beleza, da sexualidade e do amor, também exaltando qualidades femininas, coube, de forma pensada, à Igreja amaldiçoar a Sexta-feira 13.
Hoje, nesta sexta-feira 13,  eu honro a minha ancestralidade feminina, pelo preço que lhe custou ser mulher, honro também o meu sangue menstrual, vindo do meu útero, gerador de vida e amor, sangue puro, que não proveio de doenças, feridas ou guerras. Hoje eu honro as trezes lunações que compõem o meu ano lunar. Honro ainda a deusa Freya, que me ensinou a amar o meu corpo, ensinou-me a sentir prazer comigo mesma e me ensinou que a sexualidade e o amor fazem parte do meu ser.


Texto: Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Especialista em Bendizer, Erveira, Estudiosa do Baralho Cigano, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.
Imgem:  Oráculo das Deusas

DIA DO BEIJO


Há beijos para todos os gostos

Beijo na testa

Na boca

E na bochecha

Há quem ensaie o beijo

Pra que seja especial

Mesmo que seja roubado

O primeiro beijo há de ser sempre lembrado

Há até quem dê nome aos beijos

Beijos molhados 

Sincronizados

E milimetricamente encaixados

Há beijos para todos os gostos

O único que não pode ficar

É o gosto do beijo que não foi dado.



Texto: Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Especialista em Bendizer, Erveira, Estudiosa do Baralho Cigano, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.

Imgem:  (Google Imagens)



quinta-feira, 5 de abril de 2018

CHUVA NO TELHADO, BOLINHO DE CHUVA E CAFÉ COADO NA HORA





Barulho de chuva caindo no telhado da casa... 
Como será a onomatopeia para tal?
Não se sabe, nem se está interessado em saber, só se sabe que traz boas lembranças, que, de tão reais, vê-se o momento passado, como se tivesse sido fotografado, emoldurado e pendurado na parede da sala e se sente o pulsar do sangue na veia, bombeado pelo coração, com a mesma freqüência de outrora.
E a semana só estava na metade, folga inesperada, daquelas que a gente não sabe o que fazer com ela. Não para um casal que acaba de iniciar o namoro e uma simpática, sábia e sensível anfitriã, que se deita no sofá revestido com uma colcha confeccionada com retalhos, que se formam exclusivos mosaicos e, em cujas almofadas, com capas de crochês feitas com restos de linhas coloridas, recosta a cabeça.
A chuva insiste em cair...
O jovem casal se enrosca na cama de solteiro, que se integra à velha mobília do misterioso quarto e os dois nem imaginam que tesouros escondem o baú, a mala de couro e os guarda-roupas que lhes rodeiam. A moça e o moço não estão interessados em nada que não sejam o barulho da chuva caindo na telha da singela casa e a vontade de se aquecerem do friozinho, típico daqueles dias chuvosos. Mas logo, eles passam a escutar também a respiração e o coração um do outro em sincronia com os lentos pingos de chuva. 
A anfitriã dorme? Ou está a lembrar de momentos tão parecidos, vividos com o grande amor de sua vida que, há muito, partira desta vida? Talvez sejam essas lembranças que a deixam tão quieta, enquanto os jovens apaixonados adormecem no colo um do outro na estreita cama no quarto ao lado.
Mas a chuva não para!
Então a anfitriã levanta-se, prepara a massa do bolinho de chuva, coloca a gordura para se aquecer e joga, no líquido fervente, uma colherada da bendita massa, fazendo um barulho, que, por segundos, concorre com os pingos caídos lá fora. Enquanto o bolinho estoura na panela, um café caipira é coado, cujos grãos foram colhidos, torrados e moídos manualmente, exalando um aroma que invade a casa, fazendo com que os enamorados se despertem para, com um bom dedo de prosa, na companhia daquela boa quituteira, deliciar a merendinha regada a café quentinho e belas histórias vividas por ela, até que a chuva pare e tudo siga o seu curso.
Os namorados cumprirão, cada um, as suas responsabilidades diárias, e a doce anfitriã ficará sozinha, esperando, ansiosamente, que a chuva caia novamente e uma nova visita chegue para outras histórias, quem sabe!
O casal pode até se abraçar toda vez que a chuva cair, mas aquela casa simples não haverá mais, os móveis antigos que escondiam grandes tesouros serão espalhados para não se sabe onde, e a anfitriã... ah! Essa, que fazia toda a diferença, com seus causos e sua discrição, só existirá na memória de cada um daqueles dois sonhadores, que terão a certeza de que o barulho da chuva caindo no telhado, o café coado na hora com o bolinho de chuva quentinho nunca mais hão de ter a mesma delicadeza e o mesmo sabor.



Texto: Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Especialista em Bendizer, Erveira, Estudiosa do Baralho Cigano, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.
Imgem: Alexandra de Abreu (Google Imagens)

segunda-feira, 19 de março de 2018

TAL MÃE, TAL FILHA


Adoro pegar a estrada de carro sozinha. Sei lá, parece que entro num estado meditativo. Primeiramente, aquela sensação de que algo novo está à nossa espera logo ali na primeira curva ou no final de uma reta sem fim, depois, a sensação de alívio de que aquilo que ficou para trás era tudo que  não nos acrescentava mais e, por fim, a esperança de que o que passou não volta mais, mesmo quando eu estiver passando pelo mesmo lugar, pois aquela paisagem não mais será a mesma, terá outros pássaros, uma árvore caída, uma flor nascida.
Sempre nessas minhas andanças, conversando com o barulhento silêncio na minha mente, resolvo pendências, avalio situações, coloco-me no lugar do outro, desculpo-me, perdoo-me, choro, rio, faço planos. Tudo fica tão cartesiano que chego ver os gráficos coloridos à minha frente.
A criatividade aflora, grita, de tal forma que, às vezes, é necessário parar o carro para alguma anotação, como foi o caso dessa última viagem que fazia, voltando da casa dos meus pais.
Então, comecei a relembrar a minha trajetória com minha mãe. Somos tão diferentes uma da outra, que chegamos a ser parecidas. Quantas brigas, desentendimentos, vontade de estar longe, de ser diferente, de não me parecer com ela, de ter a minha vida, a minha forma de gerir a vida. E pensei nisso por que estava muito feliz com a presença dela no lançamento do livro que publiquei na companhia de mais onze colegas delegadas de polícia.  E, vendo a imagem capturada pelo fotógrafo do evento quando eu lhe dava um beijo no rosto, ela radiante, vi o quanto ela se orgulhava de mim, o quanto estava feliz com mais aquela conquista. E aquele beijo dado por mim era um sinal de gratidão, pedidos de desculpas, de perdão, de reverência por tudo que ela representa na minha vida.
Foi assim que comecei a pensar em mim mesma como mãe, nos meus filhos, nas relações entre pais e filhos. Fui lembrando de várias e conhecidas relações conflituosas que haviam se transformado em lindas e harmoniosas ligações. Logo veio à minha mente uma teoria despretensiosa, surgida naquele momento sem nenhuma comprovação cientifica, de que os filhos nos são dados para que consigam enxergar a melhor versão de nós mesmo, não obstante eles tenham inúmeras queixas a fazer de nós.
O que seria do mundo se não existissem os filhos, que mesmo revoltados com as nossas posturas ditatoriais em relação a suas vidas, acabam vendo o melhor de nós, aquilo de mais bonito que temos?
Talvez, sendo filhos, seja a maneira mais fácil de praticar o tão falado amor incondicional ou o amor crístico. Os filhos nos amam e conseguem ver a melhor versão de nós mesmos apesar de.  Acho o amor filial no campo da evolução humana, até mais poderoso do que o amor paterno e maternal, pois com relação a estes, os pais nos criaram desde crianças, viram-nos crescer, amadurecer e aprenderam a nos amar desde a concepção. Acredito que seja fácil amar a cópia ou a projeção de nós mesmos.  Já os filhos não, quando eles chegaram, nós já éramos os que púnhamos limites, dizíamos não, frustrávamos as suas expectativas, muitas vezes até os ferimos com as nossas infantilidades, ignorâncias. E mesmo assim, eles ainda conseguem superar a dor, crescerem com as nossas fraquezas e verem o que temos de mais bonito.
Então, fiquei pensando que todos deveríamos nos relacionar com as pessoas como os filhos se relacionam com os seus pais, sabendo que estes têm defeitos, mas que não são só defeitos e que, apesar dos pesares, todo ser humano carrega uma luz dentro de si, mesmo que a lâmpada esteja extremamente suja das vicissitudes terrenas.
Talvez eu tenha tido estes insigts por que eu precisasse arranjar uma forma bonita de dizer para a minha mãe que eu vejo a luz forte que brilha em seu ser, que a sua lâmpada está limpa, que eu vejo a melhor versão dela mesma e dizer mais, que apesar das minhas birras de criança ferida, eu só queria tê-la me prestigiando no dia mais importante da minha vida, pois eu estava realizando um sonho de criança. 



Fotografia: Tagore Editora. 
Texto: Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Especialista em Bendizer, Erveira, Estudiosa do Baralho Cigano, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.

domingo, 11 de março de 2018

A Lua Minguante e a Nossa Caverna Pessoal

Ontem a Lua entrou no Quarto Minguante em Sagitário. Essa fase da Lua nos convida à introspecção, fazermos contato com nossas sombras, medos, ansiedades. Momento de olharmos para nós, conversarmos com o barulhento silêncio que habita nosso ser e acalmá-lo. Essa fase Minguante da Lua é propícia para banimentos, limpezas, jogar fora aquilo que não nos serve mais, aquilo que está atrapalhando o fluxo de energia. Como a Lua está minguando em Sagitário, é um ótimo momento para nos desfazermos das crenças limitantes, das ideias prefixadas e arraigadas, verdades absolutas. É chegada a hora de nos permitirmos, de darmos colo a nós mesmas, caminhando devagar rumo à caverna da Lua Negra que se aproxima, período de total escuridão no céu, quando acessamos o nosso lado mais sombrio, quando encaramos face à face as mentiras que contamos para nós mesmas. É chegado o momento de conversarmos com o nosso útero, escutarmos o que ele tem para nos dizer e seguir as instruções deixadas por ele. Mas podemos e devemos tirar proveito desse momento. Que tal preparar uma xícara de chá com nossas ervas favoritas, quem sabe até colhidas no nosso jardim, no nosso  quintal, tomarmos um banho quente, fazermos um escalada pés, colocarmos aquele filme que há tempos está na nossa lista de sugestões e nunca temos tempo na agitada rotina do dia a dia, envolvermos-nos num confortável edredom, afagarmo-nos em nossos próprios braços e conversarmos com nossas neuras, nossas dúvidas? Sugiro até que ofereçamos aos nossos medos um gole dessa mágica bebida e os chamemos para nos fazer companhia. E  só então quando conseguirmos esvaziar todas essas preocupações, crenças limitantes, raivas, tristezas, estaremos prontas para fazermos o melhor plantio na Lua Nova, com os melhores projetos e teremos, assim,  a melhor colheita na Lua Cheia. 

Texto e Foto: Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Benzedeira, Erveira, Cartomante, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.

domingo, 4 de março de 2018

SER NATURISTA PRA MIM É...

Ser naturista, pra mim, sempre foi muito mais do que eu me despir das roupas têxteis. 
Ser naturista, pra mim, é poder ser eu de verdade, é mostrar o meu Jeito Ângela de Ser e acolher o Jeito Peculiar de Ser de cada um como indivíduo, sabendo que somos uma parte do Todo e que, como no arcano O Mundo, ao nos darmos as mãos, convivendo com e respeitando as diferenças, seremos o Todo e viveremos a plenitude.
Ser naturista, pra mim, é desnecessário eu me despir das roupas têxteis, caso eu não me sinta confortável para isso.
Ser naturista, pra mim, é eu não permitir nunca, mas nunca mesmo, que a minha Alma fique encoberta de medos, preconceitos, amarras e limitações. Ser naturista, pra mim, necessário se faz eu estar conectada plenamente com o Grande Mistério, com a Grande Mãe Natureza e com tudo o que se move que, já disse Djavan, é sagrado.
Ser naturista, pra mim, é reconhecer que no meu ser habita o feminino e o masculino e que ambos são sagrados, que precisam estar curados para que eu sinta a minha energia sexual fluir pelo meu corpo e que eu possa e mereça trocá-la com outro ser a fim de nos tornarmos únicos em plena conexão com a divindade.
Texto e foto: Ângela Santos


Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Benzedeira, Erveira, Cartomante, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

DE MÁS INTENÇÕES O CÉU ESTÁ CHEIO

Em dezembro próximo passado, eu deliberadamente, resolvi fazer um teste com meus amigos, em especial aqueles que, diariamente, passam-me mensagens de otimismo, sempre creditando seus desejos ao deus no qual acreditam e até com certo conteúdo de conversão. Era o dia 03 de dezembro, dia de Yansã ou de Santa Bárbara, no sincretismo brasileiro, minha deusa-mãe arquetípica, então enviei aos meus amigos uma foto poderosíssima de Oyá cavalgando um búfalo, seu animal de poder, escrevi a oração de devoção a ela e dei um salve à minha Grande Mãe. Qual não foi a minha surpresa: só uma pessoa retribuiu a mensagem agradecendo-me. Qual foi a minha surpresa: esta mensagem foi-me enviada por um amigo padre, o Padre Katê - o único que se dignou a dizer: muito obrigado! Esse fato pôs-me a refletir. Recebia diariamente mensagens de otimismo e de amor, seja parte de uma pregação, sejam cânticos, seja divulgação de um trabalho caridoso e estas inúmeras mensagens vêm de pessoas de variadas religiões com a mesma intenção. Mas o padre foi o único que compreendeu o amor, a minha intenção em doar o que eu tinha de melhor: a fé na minha Deusa!
Esse meu amigo nunca me julgou, criticou ou tentou me dissuadir da minha fé, por mais diferente e distante que fosse da dele. Pelo contrário, el sempre me acolheu, rezou por mim quando sofri um aborto, batizou o meu filho caçula, mesmo eu não sendo católica, sempre me abraçou quando fui às missas, mesmo sabendo que pratico outra crença. Ele sempre me deu o melhor dele e respeita a minha decisão do que seja o melhor para mim espiritualmente.
Pior do que não agradecer uma mensagem, pelo menos por reciprocidade, foi o que me aconteceu esta semana. Postei um vídeo da página Quebrando o Tabu que, de forma bem humorada, informava as dez formas de ir para o inferno dentro de passagens bíblicas, com coisas banais tais como comer camarão, usar roupas de tecidos diferentes, fazer a barba, ser gay e por aí vai.  Tive comentários hilários, marcando encontro comigo no escaldante lugar. No entanto, duas amigas foram cruéis, dizendo que o Deus delas iria me converter, que não concordava com as minhas postagens e que certamente não havia sido esse pensamento ensinado por meus pais, cristãos evangélicos.  Respondi as duas com muita amorosidade, informando da grandiosidade da diversidade, do respeito, da relatividade dos conceitos de certo e errado.
Tenho certeza de que não entendem nada sobre a diversidade religiosa, de pensamento e da liberdade de expressão. Com certeza, não foi por serem menos instruídas do que eu. Foi pelo fanatismo, por se considerarem tendo a exclusividade de Deus, que, diga-se de passagem, é dito por elas: “o meu Deus”. Ou seja, o meu, se é que têm vários deuses, não tem nenhum valor para elas. E se eu não coadunar com a mesma crença delas, sou digna de dó, por que, certamente, irei mesmo para os quintos dos infernos com meus pensamentos de igualdade, de liberdade, de amor pelo próximo, de respeito às diferenças. Então, concluí que se o inferno estiver cheio de pessoas que pensam como eu, não terei dúvida do lugar para aonde eu quero ir.


Talvez o Padre Katê seja o único dentre os meus amigos citados  que tenha, realmente, compreendido o verdadeiro significado do que o Salvador, no qual ele acredita, tenha deixado de ensinamento para a humanidade: “amar o próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas." Talvez por que ele tenha compreendido a complexidade da divindade, que é o Todo, sem frações de Deus ou Deusa, ou distinção de religiões, raças, credos, orientação sexual e religiosa. Talvez ele tenha entendido que se somos a imagem e semelhança de Deus ou Deusa, somos fagulhas da divindade e juntos formamos o Todo, que são as faces masculina e feminina da divindade em um único Ser de Inteligência Suprema.


Texto e foto:  Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Benzedeira, Erveira, Cartomante, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

CONEXÃO

Fotografia: Google Imagens



Eu sei que você está aí

Eu sinto você

Eu sinto sua curiosidade em cada palavra que você lê

Eu sinto seu sorriso malicioso quando você imagina de que sou capaz

Eu sinto você

Eu sinto você me espreitando e me seguindo

Eu sinto seus pensamentos que ficam emaranhados aos meus

Eu sinto a sua língua quente e úmida deslizar pelo meu corpo como animal lambendo 
a cria

Eu sinto o ritmo da sua ofegante respiração num compasso sincrônico com a minha

Eu estou no seu sonho que você quer que continue no próximo sonho

Eu sinto você

Eu sei que você está aí

E a única coisa que quero é sentir você.


Texto: Ângela Santos, libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Benzedeira, Erveira, Cartomante, Facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.

domingo, 28 de janeiro de 2018

MULHERES COM CHEIRO DE GERÂNIO


  Náiades: deusas das águas doces - A Casa da Floresta
Ah, essas mulheres com cheiro de gerânio! 

Cuidado com elas! 

Dizem que, às vezes, em noite de lua cheia, elas, plenas de si, transformam-se em lobas e, com suas almas livres, saem saltitando com suas caldas arrebitadas, leves, correndo de um lado para o outro no meio da relva, embrenhando-se pela floresta, mas se encantam mesmo com os gerânios, cujo aroma enebriante e adocicado, lembram-nas de suas almas selvagens. 

Então, elas se enchem de vida, imprevisibilidade, amor, carinho, sorrisos fartos, peraltices e coragem, despindo suas almas de tudo o que as impedem de serem felizes.

E, quando elas voltam aos seus corpos de mulher, elas trazem consigo não só o cheiro, mas a beleza e as cores do gerânio e passam a se amarem mais e a demonstrar muito carinho, amor, toques suaves e macios para com todos aqueles que elas amam. 

De repente, elas começam a esbanjar sorrisos verdadeiros, deixando de lado quaisquer previsibilidades, tornando a vida de quem as rodeia abastecidas de vida. 

Ah, essas mulheres com cheiro de gerânio têm muita coisa para lhe ensinar! 

Se você, por acaso, encontrar-se com uma delas e for pego desprevenido, poderá ter a sorte de ela se encantar por você e correrá um sério risco de ela encher a sua vida de muita vida e lhe presentear com todas as qualidades que o gerânio fez florescer no coração dela.
Texto: Ângela Santos




Gerânio plantado e fotografado por Nelson Mitake.


Ângela Santos é libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Mãe da Lorena, do Luís e do Emanuel, as melhores versões de mim em parcerias. Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Benzedeira, Erveira, Cartomante, Facilitadora e Focalizadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Delegada de Polícia Civil no Distrito Federal desde 1999, Especialista em Violência contra a Mulher.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A Prostituta Sagrada



Havia um tempo em que a divindade era feminina, mais precisamente, a Deusa, pois a força maior, o grande mistério só poderia ser semelhante à Mãe Natureza, que gera, pare e alimenta, e tem também o poder do nascimento, da morte e do renascimento. A mulher era a figura que mais se assemelhava a esta grande força, com os seus ciclos de menina, donzela, mãe e anciã, reproduzindo, respectivamente às fases das luas nova, crescente, cheia e minguante, bem como o seu ciclo menstrual, mensalmente seguindo as fases lunares. Além desses ciclos, foi a mulher agraciada com a capacidade de gerar, parir e nutrir. Então, antes das lutas pelo domínio de propriedades, a força divina era a figura feminina, a grande Deusa, a grande Mãe.

Nessa época, a sexualidade fazia parte do cotidiano das pessoas, como qualquer outro momento de prazer tais como se alimentar, beber água, tomar um banho. E dentro desse contexto sagrado da sexualidade, havia a Deusa do Amor, cultuada com suas formas arredondadas, ancas largas e seios fartos, representando o poder de gerar, parir e nutrir.

A Deusa do Amor era cultuada no seu templo, onde existiam as sacerdotisas que Àquela serviam. Estas eram mulheres virgens, na essência da palavra, ou seja, mulheres que ainda não tinham tido filhos.

As sacerdotisas serviam a Deusa acolhendo todos que procuravam o templo para serem abençoados pela Deusa. Então, as virgens cuidavam desses estranhos como se fossem os seus amantes, maridos, dando-lhes o aconchego do lar, roupas limpas e perfumadas, servindo-lhes deliciosos e fartos banquetes e o melhor vinho. Esses estranhos também eram envolvidos pela sedução e disponibilidade das sacerdotisas, que dançavam para eles, que as envolviam em seus corpos e fazia-lhes amor.

Depois desse acolhimento, o estranho deixava o templo e tinha a garantia de que o seu ano ou a sua colheita seriam abençoados e a sacerdotisa já poderia voltar para sua vida cotidiana, pois tinham servido à deusa e sua vida seria igualmente cheia de bênçãos. Ela, possivelmente, viria a se casar, ter filhos e seguir o ciclo da Mãe Natureza, caso esse fosse o desejo dela. E elas eram muito honradas por terem servido à Deusa!

Essas sacerdotisas também ficaram conhecidas como as Prostitutas Sagradas, pois o ato sexual praticado com um estranho não tinha a conotação profana. Depois que o templo da Deusa foi destruído nas guerras, os dominadores distorceram estes rituais, passando as mulheres a se prostituírem com estranhos que lhes pagavam para com elas terem prazer.

E, quanto mais distantes as mulheres ficam da Prostituta Sagrada, mais elas ficam adoecidas. Não só as mulheres, como seus parceiros, que não conseguem dissociar a figura da mãe com a figura da mulher. O mesmo acontece com a mulher que se relaciona com os homens numa simbiose paterna. Daí, enquanto o casal não conseguir desconstruir essa associação arquetípica, não haverá, plenamente, o casamento sagrado, que é o encontro do masculino e do feminino curados, independente da orientação sexual de cada um dos parceiros.

Texto: Ângela Santos





Imagens: Hierodulas, Heteras, Putas, a Deusa da Podadura e Vênus de Willendorf (Google)

Ângela Santos é libriana, com lua em Gêmeos e Ascendente em Áries. Delegada de Polícia no Distrito Federal há 19 anos, Gineterapeuta, Moon Mother, Terapeuta em Barra de Access, Benzedeira, Erveira, Cartomante, facilitadora de Círculo de Mulheres na empresa Clã Filhas do Vento, Mãe de três filhos.